Reproduzimos na íntegra a matéria publicada no site do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas - SINDUSCON AM.
Mudaram as regras do programa “Minha casa, minha vida”, do governo federal. Os compradores e também construção civil estão com muitas dúvidas. Tem a ver com o financiamento das obras. O financiamento agora só vai ser liberado onde existir infraestrutura completa – uma garantia de qualidade de vida para o morador e o mínimo que deveria ser exigido de um projeto com apoio do governo.
Muitos dos que reclamam da mudança até concordam com a exigência, mas acham que o governo deveria agora dar um tempo para que possam adaptar as obras. Em Águas Lindas, por exemplo, a 40 quilômetros de Brasília, pouco mais de 30% das ruas tem asfalto, e grande parte das casas que estão sendo construídas fica justamente na periferia, onde a pavimentação demora muito mais a chegar.
A casa está pronta. Tem dois quartos, banheiro, cozinha e um comprador interessado que já tinha separado toda a documentação para assinar o contrato, mas acha que vai ter de desistir do negócio. “Eu estou pedindo financiamento o mais rápido possível, mas está difícil”, aponta o pedreiro Alex Diones.
O dinheiro não sai, porque no endereço falta infraestrutura. A rua é de estrada de terra. O governo decidiu que todos os imóveis têm de ter asfalto na porta. Caso contrário, a Caixa Econômica Federal não libera crédito para financiar a compra.
Em Paulista, na região metropolitana do Recife, o construtor João Vieira construiu quatro casas e não consegue vender nenhuma. “Eu estou precisando muito do dinheiro para me capitalizar e começar outra obra, mas infelizmente não posso”, lamenta.
Para casas construídas com recursos da Caixa sempre foi assim. A diferença é que agora a regra vale também para empresários, pequenos empreendedores que investiram dinheiro próprio em casas populares.
“Quando a casa já está pronta e já está tudo certo no local, do jeito que foi combinado, surge uma regra nova que muda totalmente a questão da venda”, reclama o arquiteto Marcelo Borges.
Obras estão paradas. Pedreiros, eletricistas e pintores já foram demitidos. “Eu estou hoje com seis ou sete pessoas. Semana passada eu mandei embora de 18 a 20 pessoas”, conta o construtor Augusto César.
“Eu fico preocupado. Eu tenho quatro filhos para criar. Cada um dos pedreiros também tem. A gente necessita desse trabalho”, diz o mestre de obras Genilton Alves Tito.
Em uma loja de material de construção, na região metropolitana de Goiânia, o movimento caiu. “Se continuar assim, vai até inviável ficar com a loja”, avalia a comerciante Marta Helena Barra.
O governo diz que há problemas apenas em casos isolados e contratos específicos. A intenção, segundo a Caixa, é preservar a qualidade e os interesses das famílias que comprarem os imóveis. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) concorda que qualidade é essencial, mas acha que a exigência tem outro efeito.
“Se essa regra permitia que fosse feita em determinado local e agora isso não pode mais ser feito, claro que isso aí terá um impacto de custo”, explica o vice-presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Os empresários já avisaram que vão repassar o custo do asfalto para os compradores. O mecânico Flávio Cardoso tem medo de não conseguir pagar a casa que escolheu. “Se ele me entregar a casa com asfalto, no caso a casa que seria no valor ‘X’ já vai subir. Ou seja, minha carta de crédito já não vai ser liberada”, conclui o mecânico.
A Caixa Econômica Federal informou ainda que os pedidos de financiamento com propostas aprovadas até o último dia 11 vão ter tramitação normal e não vão ser afetados pela nova medida. O Ministério das Cidades não quis falar. A assessoria informou que as explicações da nota da Caixa Econômica Federal são suficientes.
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